quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Uma perda

Quando perdemos alguém querido para a morte, são sempre os bons momentos com tal pessoa que vêm à mente. Pelo menos comigo é assim. Sai qualquer sentimento negativo, qualquer pouca coisa, e ficam as lembranças boas. A saudade. Essa cruel.

Foi o que aconteceu quando soube que minha tia Maria da Graça havia morrido, ontem. Imediatamente lembrei de todos os bons momentos que vivemos, há tanto tempo. Ah, o tempo... esse também sabe ser cruel.

Lembro dos almoços de domingo com a família reunida, nhoque, cerveja, música. Gente rindo, gente falando bobagem, gente dançando. Sendo feliz. Ela, toda linda, feliz, sorridente, animada. Jovial. Olhando pra trás, vejo como tudo pode mudar radicalmente em pouco tempo; pessoas mudam, vão embora, perdemos contato, perdemos o hábito de nos reunir, deixamos pra depois e tudo vira lembrança. Queria ter aproveitado mais momentos como esses, gostaria de ter valorizado mais aquelas festas de domingo que pareciam tão banais, tão sem importância. Hoje vejo que foram momentos únicos e muito felizes.

Em poucos anos tudo mudou.

A vida não foi fácil pra ela, de fato. Todos temos nossas cruzes. Alguns sofrem mais, alguns suportam melhor, alguns não são tão fortes. Cada um sabe dos seus limites; não a julgo nem a culpo por ter desistido de lutar, perdido a vontade de viver. Como eu disse, a vida lhe dera muitas rasteiras e algumas delas foram insuperáveis. E tristeza mata.

Tristeza mata de um jeito ou de outro. Quando a mente vai mal, o corpo paga. Neste caso, pagou o preço mais alto; a vida.

Nos últimos anos, perdi muitas pessoas queridas. Algumas das mais queridas da minha vida, personagens de uma época maravilhosa que já se foi. No entanto, alguns ficaram. E pra esses quero dar muito afeto, antes que se vão. às vezes precisamos perder alguém pra lembrar de dar valor a quem está por perto.

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