domingo, 11 de outubro de 2015

Uma semana atrás, estava em casa, curtindo uma preguiça de um dia de domingo comum, lavando a louça do almoço, e recebi um telefonema; meu padrinho de batismo havia falecido.

Fiquei ali parada, catatônica por uns minutos, pensando em como era possível. Como alguém morre assim, de repente? Como um coração simplesmente para de bater e nunca mais podemos ver uma pessoa querida?

Comecei a olhar pro passado, relembrando os momentos com meu tio. Nosso último encontro havia sido há uns dois meses. Pensei em como ele costumava ser sisudo, endurecido pelo tempo, mas como era doce com meu filho. Como tratava meu filho como se fosse neto dele, como parecia mais jovem e mais alegre quando brincava com meu gurizinho. Eu nunca disse, mas valorizava muito esse afeto que ele demonstrava. Esse carinho me emocionava. E é disso que quero lembrar.

Algumas lembranças de que guardei vieram à mente, do tempo que eu era criança. Lembro que meu padrinho passou por algumas fases complicadas, lembro que ele bebia e perdia o controle...  e numa dessas ocasiões ele veio se desculpar comigo, eu tinha uns 8 anos. Ele, tão orgulhoso, se desculpando com uma criança, eu entendia como um gesto sincero de alguém que se importava. Sempre que pisava na bola, ele se desculpava comigo. Sempre.

Guardo muitas lembranças... e todas são boas. Mesmo as tristes deixaram lições; mesmo quando me desapontou, o que eu guardo é a atitude dele me pedindo perdão. Lamento que tenha partido tão cedo, 67 anos pra mim é cedo. É triste ver alguém partir pra poder parar e relembrar momentos esquecidos pela correria do dia-a-dia.